2.12.06

“Gostos não se discutem.”

Gosto desta chuva que cai lentamente, gosto de ver as gotas pousadas nas ervas daninhas.
Gosto deste silêncio que me envolve e apazigua todos os meus medos.
Gosto de andar descalça pela casa.
Gosto de acordar com o sol na janela e ouvir os pássaros a cantar, gosto de sentir o cheiro da maresia na aldeia perdida no mapa. Gosto de me ver ao espelho pela manhã, ainda com os olhos ensonados. Gosto de ouvir a ribeira a correr, os cães a ladrar aquele galo que tanto me irrita às seis da manhã. Os sons da aldeia são sempre belos.
Gosto de vir da faculdade de autocarro, a sonhar com o que poderia ter sido a pensar no que foi, a planear o que há-de ser.
Gosto de sonhar acordada, de imaginar – isso dá-me força para viver. Não gosto de acordar e ver esta triste realidade.
Gosto de criticar as pessoas, de “fazer filmes” o mais ridículo possíveis, de imaginar o que diriam e como reagiriam.
Gosto de te olhar discretamente.
Gostos de olhar as pequenas gotículas perdidas na janela do meu quarto, parecem lágrimas que escorrem lentamente pela face. Gosto de sentir a brisa da primavera nos meus cabelos molhados, gosto de ser livre. Gosto de observar aquilo que me rodeia, gosto de ver o nevoeiro pairar sobre o Mondego. Gosto de ver as luzes da cidade.
Gosto de recordar as situações boas do passado. Gosto de me lembrar de ti por muito que isso me angustie.
Gosto de andar á chuva.
Gosto de ver as ondas do mar a baterem furiosamente nas rochas quando é Inverno.
Gosto de ouvir a trovoada e o som forte da chuva, quando estou aconchegada nos cobertores.
Gosto que me abracem forte quando preciso de carinho.
Gosto dos dias cinzentos quando por detrás das nuvens existe um raio de sol.
Gosto de rir bem alto sem preocupações.
Gostos de ver as crianças a brincarem nas poças de àgua.
Gosto de dizer o que sinto e o que penso.
Gosto de lutar pelo que acho correcto, por aquilo em que acredito, pelos meus sonhos.
Gosto de sonhar. Ponto. Gosto de andar perdida neste universo dos pensamentos.
Gostaria de mudar esta realidade.

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